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sábado, 16 de março de 2013

De bispo de Roma a Papa do mundo


Importância de São Pedro e discernimento teológico consolidaram a influência romana no cristianismo
A importância que o cristianismo primitivo deu ao testemunho de São Pedro na capital do Império Romano e o discernimento teológico dos chefes que lhe sucederam contribuíram para que o bispo de Roma se tornasse Papa do mundo.
De acordo com uma “tradição viva no primeiro século” da era cristã, a consideração pela comunidade romana baseia-se na convicção de que Pedro e Paulo viveram e foram martirizados em Roma, onde estão os seus túmulos, explicou o padre e historiador David Sampaio Barbosa.
“A comunidade cristã de Roma foi sempre muito apreciada, a começar por São Paulo”, a quem é atribuída a Carta aos Romanos, presente na Bíblia.
A estima por Roma firmou-se depois com escritos de autores como Ireneu, Inácio de Antioquia e Tertuliano, sublinhou o professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
Os investigadores pensam que até Clemente Romano, no fim do primeiro século, “a liderança em Roma era muito colegial, isto é, era ele com outros presbíteros”, mas a partir de então “o bispo vai ser, praticamente, o último responsável da comunidade”.
A consolidação de Roma entre as comunidades cristãs deve-se igualmente ao progressivo reconhecimento da validade do seu discernimento.
“Todas as vezes que as comunidades tinham problemas, a partir do século II, invocavam a arbitragem do bispo de Roma para dirimir questões”, assinalou o historiador, acrescentando que o Papa começa a ganhar muita importância quando, a partir do século IV, surgem as “heresias”, causadoras de “grandes perturbações na Igreja”.
No mundo cristão algumas comunidades mais importantes são chamadas a tentar ultrapassar a dissidência religiosa: no Oriente foram Alexandria, Antioquia, Constantinopla e Jerusalém, enquanto que quem “praticamente repesenta todo o Ocidente é o bispo de Roma”, observou o sacerdote.
“A Igreja do Ocidente sempre entendeu que a validade das decisões conciliares dependia da ratificação do bispo de Roma, o que passa a ser muito notório a partir do Concílio de Calcedónia, em 451”, época em que as Igrejas Orientais começam também a convergir para a tendência de conceder a “última palavra” ao prelado romano.
No entender do padre David Sampaio a “liturgia”, o “anúncio da fé” e a “prática da caridade” constituem as características que se mantém desde sempre no serviço desempenhado pelos bispos, independentemente da diocese.
O historiador destacou que na seleção do chefe das comunidades cristãs prevaleceu o costume de consultar, em celebração litúrgica, “o clero e os bispos da zona onde estava a cidade principal”, esquema que se manteve até ao fim do primeiro milénio.
Na escolha do bispo durante o primeiro milénio “teve-se muito presente que fosse uma pessoa com capacidade de liderança espiritual e também com uma aptidão enorme para atender tudo o que tinha a ver com a temporalidade da cidade ou dos territórios limítrofes”, a par de comprovados dotes oratórios, afirmou.
No Oriente cristão os bispos eram escolhidos entre os monges, devido ao seu conhecimento intelectual e da Bíblia.
Fonte: JAM

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