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sábado, 1 de janeiro de 2011

ABERTURA DA PORTA SANTA NA BASÍLICA DE SANTA MARIA MAIOR

(Em 1° de Janeiro de 2000)
1. “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher” (Gl 4, 4).
O momento que estamos a viver é mais denso de significado do que nunca: à meia-noite o ano anterior entrou no passado, cedeu o caminho a um novo ano. Eis-nos agora, desde há poucas horas, no Ano Novo!

O que isto significa para nós? Começa-se a escrever outra página da história. Ontem à tarde dirigimos o nosso olhar para o passado. Hoje, dando início ao Ano Novo, não podemos deixar de nos interrogar acerca do futuro: que direcão tomará a grande família humana nesta nova etapa da própria história?

2. Tendo em conta um novo ano que começa, a hodierna liturgia formula a todos os homens de boa vontade os votos com as seguintes palavras: “Javé te mostre o seu rosto e te conceda a paz!” (Nm 6, 26).

O Senhor te conceda a paz! Eis os bons votos que a Igreja apresenta à humanidade, no primeiro dia do ano novo. Uma paz infelizmente sempre ameaçada, como no-lo recordam os dolorosos eventos que várias vezes assinalaram a história já no início deste século XXI. Por isso devemos, hoje mais do que nunca, desejar a paz em nome de Deus: o Senhor te conceda a paz!

3. “A plenitude dos tempos!”. São Paulo afirma que esta “plenitude” se realizou quando Deus “enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher” (Gl 4, 4). Hoje, oito dias depois da Natividade, primeiro dia do ano novo, evocamos de maneira especial a “Mulher” de que o Apóstolo fala, a Mãe de Deus. Ao dar à luz o Filho eterno do Pai, Maria Santíssima contribuiu para a obtenção da plenitude dos tempos; contribuiu de forma singular para fazer com que o tempo humano alcançasse a medida da sua plenitude na Encarnação do Verbo.

Neste dia tão significativo, tive a alegria de abrir a Porta Santa nesta veneranda Basílica Liberiana, a primeira no Ocidente dedicada à Virgem Mãe de Cristo. É como se os católicos de todas as nações e continentes se reunissem idealmente aqui, sob o olhar da Mãe, para cruzar a soleira da Porta Santa que é Cristo.

Efectivamente é a Ela, Mãe de Cristo e da Igreja, que desejamos confiar o Ano Novo há pouco iniciado, a fim de que proteja e encorage o caminho de todos (cf. Incarnationis mysterium, 14).

-4. A Liturgia da hodierna solenidade possui um caráter profundamente marial, não obstante nos textos bíblicos isto se manifeste de forma bastante sóbria. O trecho do evangelista Sã Lucas como que resume aquilo que escutamos na noite de Natal. Ali narra-se que os pastores foram a Belém e encontraram Maria e José, e o Menino na manjedoura. Depois de O terem visto, referiram aquilo que lhes tinha sido dito acerca d’Ele. E todos se admiraram ao ouvirem a narração dos pastores. “Maria, porém, conservava todos estes factos e meditava sobre eles no seu coração” (Lc 2, 19).

Vale a pena deter-se nesta frase que exprime um aspecto admirável da maternidade divina de Maria Santíssima. Num certo sentido, o ano litúrgico segue as pegadas desta maternidade, a começar pela Solenidade da Anunciação, a 25 de Março, precisamente nove meses antes da Natividade. No dia da Anunciação, Maria ouviu as palavras do anjo: “Eis que vais ficar grávida, terás um Filho e dar-lhe-ás o nome de Jesus… O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 31.35). E respondeu: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Ibid., v. 38).

Maria Imaculada concebeu por obra do Espírito Santo. Como todas as mães, trouxe no próprio seio Aquele que só Ela sabia que se tratava do Filho unigênito de Deus. Deu-O à luz na noite de Belém. Assim tiveram início a vida terrena do Filho de Deus e a sua missão de salvação.

5. “Maria… conservava todos estes fatos e meditava sobre eles no seu coração”. Como se surpreender que a Mãe de Deus se recordasse de tudo isto de modo singular, ou melhor, único?

Cada mãe possui uma análoga consciência do início de uma nova vida nela. A história de cada homem está inscrita em primeiro lugar no coração da própria mãe. Não admira que a mesma coisa se tenha verificado em relação à vicissitude terrena do Filho de Deus.

“Maria… conservava todos estes fatos e meditava sobre eles no seu coração”.

Hoje, primeiro dia do ano novo, a Igreja evoca este exemplo da Mãe de Deus. Fá-lo não só meditando os eventos de Belém, de Nazaré e de Jerusalém, ou seja, as várias etapas da existência terrena do Redentor, mas também considerando tudo aquilo que sua vida, morte e ressurreição suscitaram na história do homem.
Nossa Senhora esteve presente com os Apóstolos no dia do Pentecostes, participando diretamente no nascimento da Igreja. Desde então, a sua maternidade acompanha a história da humanidade redimida.

No início do ano, confiamos nesta tua “recordação” materna, ó Maria! Colocamo-nos neste singular itinerário da história da salvação, que se conserva vivo no teu coração de Mãe de Deus. Confiamos a Vós os dias do Novo Ano, o futuro da Igreja, da humanidade e do universo inteiro.

Maria, Mãe de Deus, Rainha da Paz, vigia sobre nós!

Maria, Salus Populi Romani, roga por nós
fonte: ADF

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