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sexta-feira, 25 de março de 2011

Por que os católicos rezam pelos mortos?


Desde o início do cristianismo, os autores cristãos ensinaram que Maria Santíssima teve um fim de vida singular. Em seus sermões e escritos professaram a Sua assunção gloriosa, de corpo e alma.

Quando se aproximava o fim de sua vida terrena, a Virgem Santíssima soube de antemão que estava prestes a deixar este mundo. Os apóstolos foram previamente avisados, de modo que todos se dirigiram para Jerusalém e a procuraram no Cenáculo, onde a Rainha do mundo se encontrava um tanto enfraquecida, fisicamente, pelo intenso amor divino. Porém a compleição natural de seu corpo era a mesma à que chegara aos trinta e três anos de idade. Não sofreu mudança alguma com a passagem dos anos. Não sentiu os efeitos da velhice: seu rosto não se enrugou, nem o corpo se debilitou ou definhou, como acontece com os outros filhos de Adão. Esta imutabilidade foi privilégio único seu, tanto por corresponder à estabilidade de sua alma puríssima, como por ser conseqüente à imunidade do primeiro pecado original, cujos efeitos não atingiram seu corpo e nem a sua alma.

Maria Santíssima desejou passar pela morte.

Nossa Senhora veio ao mundo livre e isenta da culpa original. Também ao sair dele a morte não tinha “direito” de a atingir. Se Ela não quisesse passar pela morte, receberia da mesma forma a glória celeste. Mas, para assemelhar-se mais intensamente ao seu divino filho que padeceu da morte, sem obrigação, Ela quis acompanhá-Lo também no morrer.

A enfermidade que lhe tirou a vida foi o amor, sem qualquer outro achaque ou acidente. O poder divino suspendeu a ação miraculosa com que lhe conservava as forças naturais, para não se consumirem no ardor sensível que lhe causava o fogo do amor divino. Cessando esse milagre, o amor produziu seu efeito, consumiu a umidade radical do coração e assim lhe faltou a vida.

Glorificação em corpo e alma

Com o tempo, a tradição e os escritos dos santos foram fortalecendo a convicção dos fiéis de que Nossa Senhora fora glorificada, em corpo e alma, logo depois de sua morte. A partir do século XI é comum se professar a Assunção gloriosa de Maria Santíssima. Os teólogos procuraram as bases bíblicas para fundamentar tal crença; eis o que apontam:

1) Maria é dita pelo Anjo Gabriel “cheia de graça”. Este é quase o nome próprio da Virgem – o Anjo não a chama “Maria” (ver Lc 1,28). Isto quer dizer que Maria nunca esteve sujeita ao império do pecado. Em conseqüência, não podia ficar sob o domínio da morte, que entrou no mundo através do pecado (v. Rm 5,12). Sendo assim, é lógico dizer que ela não conheceu a deterioração da sepultura, sendo glorificada não somente em sua alma, mas também em seu corpo. Como se vê, nem a Tradição nem os teólogos recusam a hipótese de Maria ter morrido; ao contrário, admitem-na.

2) A carne da mãe e a carne do filho são uma só carne. Ora, Maria é a Mãe de Jesus, que foi glorificado em corpo e alma após ter morrido. Conseqüentemente, também tocou à Maria Santíssima a mesma sorte gloriosa que tocou a seu Divino Filho.

Com isso, a Assunção corporal de Maria Santíssima se tornou tão comum que muitas pessoas trazem o nome de Maria da Glória; muitas igrejas e instituições são dedicadas à Assunção de Maria.

Na primeira metade do século XX, os fieis católicos, pediram à Santa Sé a definição do dogma da Assunção de Maria. Sua Santidade, o Papa Pio XII, mandou estudar o assunto e proclamou o dogma em 1º de novembro de 1950, definindo que “a Imaculada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, encerrado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste” (Constituição Munificentissimus Deus).

A Assunção de Nossa Senhora segundo a Tradição


Outeiro da Glória
Antigamente, quando se falava de Assunção de Nossa Senhora referia-se a essa festa dizendo que era a festa de Nossa Senhora da Glória. E daí, por exemplo, o fato de que no Rio de Janeiro, a Igreja lindíssima que há sobre o Outeiro da Glória, ser dedicada à Nossa Senhora da Assunção. Isso porque se entendia bem que a Assunção de Nossa Senhora não era apenas o fato físico dela sair dessa terra, tendo ressuscitado como ressuscitou o seu Divino Filho, não só para ir para o céu, mas era também para a Sua glorificação.

Ela, depois de ter passado nessa terra, humilde, desconhecida, apenas tendo um papel mais relevante após a morte de Nosso Senhor, como rainha e mãe da Igreja Católica, depois de toda espécie de sofrimento e de angústias, foi glorificada por Nosso Senhor aos olhos dos próprios homens, por meio da sua Assunção. Ou seja, por meio de um privilégio único na história do mundo, pelo qual uma mera criatura é levada aos céus por meio dos anjos. Para as paragens imateriais onde se encontra o Paraíso celeste e onde Ela está nesse momento gozando de modo inenarrável da visão beatífica de Deus, Nosso Senhor.

Há tradições e há revelações de que essa glorificação foi acompanhada de expressões de glória indizíveis. Uma criatura humana – portanto, de uma natureza muito inferior a dos anjos – que é levada para o céu pelos mais altos serafins e querubins. Ela foi servida, portanto, pelas mais altas criaturas de Deus, com um respeito, com uma veneração, como quem não se sentia digno sequer de apresentar a ela suas orações e suas homenagens. Então, depois de se ter despedido de todos os seus, Ela foi se elevando e se “desprendendo” do chão. A certa altura começou a manifestação dos anjos. Conta-se que no dia da Ascensão de Nosso Senhor a natureza toda se rejubilava. É lógico que no dia da Assunção de Nossa Senhora a natureza toda devia também rejubilar de um modo esplêndido.

Então é perfeitamente legítimo imaginar que coloridos magníficos os céus tomaram! As estrelas, de que modo conseguiram brilhar! O sol, que em Fátima pulou e mudou de cores, de que forma terá aparecido então! Que cânticos de anjos, que perfumes, que harmonias, que consolações interiores nas almas todos sentiram! Foram acontecimentos verdadeiramente inefáveis.

O fato positivo é que Nossa Senhora deixou manifestar, nessa hora, toda a sua glória interior. No seu olhar, na fisionomia e em todo o seu corpo, Ela naturalmente deixou que transparecesse de modo extraordinário uma dignidade, uma majestade e, ao mesmo tempo, uma afabilidade inexprimíveis.

Naturalmente devia deitar, nesse momento, uma efusão de ternura enorme dEla. Como todas as mães que se despedem dos filhos, deve ter havido, nesse momento, uma efusão de misericórdia e de bondade suprema, com a segurança para todos de que Ela nunca estaria mais presente na terra do que no momento em que Ela deixava os homens e começava sua grande missão do alto do céu.

Santa Teresinha do Menino Jesus disse que ela queria passar o céu, fazendo o bem sobre a terra. E se isso disse Santa Teresinha, quanto disse Nossa Senhora! E de lá para cá a glória de Nossa Senhora do alto do céu não se escondeu: pelo contrário, se manifestou cada vez mais. Manifestou-se pela construção de um número enorme de Igrejas.

Como observa São Luís Grignon de Monfort, não há uma Igreja na terra -exceto as Igrejas que quase não são mais Igrejas – onde não haja um altar pelo menos dedicado à Nossa Senhora. Não há uma alma que se tenha salvo sem que tenha sido devota de Nossa Senhora. Não há uma graça que os homens tenham recebido e que não tenha sido obtida por Nossa Senhora.

Quer dizer, a glória dEla vai crescendo até o fim dos séculos e até o momento em que vier o dia do Juízo Final. Nesse dia do Juízo Final todos vão ser julgados. Nesse dia haverá uma suprema glorificação dEla. E se de todas as criaturas as virtudes vão ser contadas, então o que vai ser o cântico de louvor de Nossa Senhora!

O fim da História vai ser uma alegria especial nessa glorificação de Nossa Senhora. Quando não houver mais histórias, quando a vida da humanidade tiver toda cessado e o ponto final dos acontecimentos do gênero humano tiver terminado, a Virgem Santíssima vai receber uma glorificação verdadeiramente insondável.

Entre essas manifestações de glória de Nossa Senhora, podemos colocar, legítima e verdadeiramente, a presença de todas as pessoas que foram seus autênticos devotos neste momento em que se nota uma paganização geral da sociedade.

É com a glória de Nossa Senhora em nossos corações que devemos lembrar da irreversível promessa de Fátima: “No fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

Fonte: baseado em www.catequisar.com.br/ADF

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