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sábado, 3 de setembro de 2011

Condição dos corpos dos bem-aventurados – subtileza, claridade, impassibilidade e agilidade.


1 – Os corpos ressurretos serão inteiramente submissos à alma

O corpo está para a alma como a matéria está para a forma e o instrumento está para o artesão. A alma, que dará vida a seu corpo ressurreto, este ser-lhe-á divinamente unido da maneira como convirá à beatitude dela (alma).

Com efeito, aquilo que se destina a um fim deve poder satisfazer à exigência deste fim. Assim, para que a alma atinja o auge de sua atividade intelectual, convém que seu corpo não a impeça ou a retarde em qualquer coisa que seja. Ora, o corpo humano, por sua corruptibilidade, atrapalha a alma e a retarda de sorte que ela não pode persistir numa contemplação continuada e nem chegar ao cume da contemplação. É subtraindo-se às sensações do corpo que os homens se tornam mais aptos a captar as coisas divinas. Por isso é que as revelações proféticas se fazem àqueles que dormem ou estão em êxtase, como está dito em Números (12,6): “Se houver entre vós algum profeta do Senhor, eu lhe aparecerei em visão ou lhe falarei em sonhos”. Os corpos dos bem-aventurados ressuscitados serão incorruptíveis e não retardam as almas como atualmente. Totalmente submissos à alma, eles não a impedem em nada.

2 – Privilégios concedidos aos corpos gloriosos

Isto nos permite perceber qual a disposição dos corpos dos bem-aventurados. A alma, com efeito, é a forma e o motor dos corpos. Enquanto forma, não somente ela é princípio do corpo quanto ao seu ser substancial mais é, ainda, quanto aos acidentes que lhe são próprios e que são causados no sujeito, pela união da forma à matéria. Ora, uma forma será menos poderosa na medida em que um agente exterior impedir sua ação sobre a matéria, como é o caso do fogo, cuja forma se diz ser a mais nobre entre as formas elementares. O fogo não pode ser facilmente transformado de sua disposição natural sob a ação de um agente. Como a alma bem-aventurada se encontrará no ápice de sua nobreza e de seu poder, porque estará unida ao primeiro princípio das coisas, ela o comunicará ao corpo, que lhe estará divinamente unido, segundo seu ser substancial de maneira a mais nobre, possuindo-o totalmente. Isto o tornará subtil e espiritual após ela dar-lhe a qualidade mais nobre, ou seja, a claridade da glória. E a alma, então, por causa de seu poder, o impedirá de ser mudado por algum agente. Isto é a impassibilidade. E como o corpo obedecerá totalmente à alma, como um instrumento nas mãos daquele que o toca, ele será ágil.

Tais são, pois, as quatro condições dos corpos dos bem-aventurados: subtileza, claridade, impassibilidade e agilidade.

Por isso diz o Apóstolo na carta aos Coríntios(15, 43-45): “Semeado na corrupção (pela morte), o corpo ressuscitará incorruptível” – isto é a impassibilidade ; “semeado na ignomínia, ele ressuscitará glorioso” – isto é a claridade; “semeado na doença, ele ressurgirá poderoso” – isto é a agilidade; “semeado corpo animal, ele ressurgirá corpo espiritual” – isto é a subtileza.

(Fonte : São Tomás de Aquino – Resumé de la Foi Catholique – c. 167-168)/AASCJ


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