domingo, 18 de setembro de 2011
UM FACTO VERIDICO
Ricardinho não aguentou o cheiro apetitoso do pão e disse:
- Pai, tenho tanta fome!!!
O pai, Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo à procura de trabalho, olha com os olhos marejados de lágrimas para o filho e pede-lhe mais um pouco de paciência...
- Mas pai, desde ontem que não comemos nada e eu estou com muita fome, pai!
Envergonhado, triste e humilhado no seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na rua enquanto ele vai à padaria à sua frente...
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com o meu filho de apenas 6 anos ali à porta, com muita fome, não tenho um tostão, pois saí cedo para procurar emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome do meu filho. Em troca, posso varrer o chão do seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!
Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...
Agenor toma o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois se sentem ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida: arroz, feijão, bife e ovo...
Para Ricardinho era um sonho, comer depois de tantas horas na rua...
Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de farinha...
Grossas lágrimas desciam dos seus olhos logo na primeira garfada...
A satisfação de ver o seu filho a devorar aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança da sua pequena família em casa, foi demais para o seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades...
Amaro aproxima-se de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca com ele para relaxar:
- Ó Maria!!! A tua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo até chora de tristeza deste bife, será que é sola de sapato?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter este prazer...
Amaro pede-lhe então que sossegue o seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre o trabalho...
Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar.
Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa no seu pequeno escritório...
Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava a viver de pequenos 'biscates aqui e acolá', mas que há 2 meses não recebia nada...
Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e com pena, prepara para o homem uma cesta com alimentos para pelo menos 15 dias...
Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte o início no trabalho...
Ao chegar a casa com toda aquela 'fartura', Agenor é um novo homem, sentia esperanças, sentia que a sua vida iria tomar novo impulso...
Deus abria-lhe mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores...
No dia seguinte, às 5 h da manhã, Agenor estava à porta da padaria ansioso para iniciar o seu novo trabalho...
Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque o estava a ajudar...
Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele o chamava para ajudar aquela pessoa...
E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com os seus deveres...
Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e ele fazia questão que Agenor fosse estudar...
Agenor nunca esqueceu o seu primeiro dia de aulas: a mão trémula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...
Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aulas...
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado, abrindo o seu escritório para o seu cliente, e depois outro, e depois mais outro...
Ao meio dia desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o 'antigo funcionário' tão elegante no seu primeiro terno...
Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente à hora do almoço...
Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista Ricardo Baptista...
Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...
Aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que à mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido...
Ricardinho, o filho mandou gravar na frente da 'Casa do Caminho', que seu pai fundou com tanto carinho:
'Um dia eu tive fome, e tu me alimentaste. Um dia eu estava sem esperanças e tu me deste um caminho. Um dia acordei sozinho, e tu me deste Deus, e isto não tem preço. Que Deus habite no teu coração e alimente a tua alma. E que te sobre o pão da misericórdia para estenderes a quem precisar!'
Podemos sempre começar e fazer um fim muito feliz!
Fonte: JAM
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