sábado, 2 de julho de 2011
Nosso Senhor transforma coisas banais em raios de sol
Por vezes, há no espírito humano certa atração por coisas banais. Isso porque a realidade criada por Deus é tão excelente, que nossos olhos não se interessariam por certas coisas se não fosse esse atrativo.
Nos Evangelhos, as parábolas de Nosso Senhor Jesus Cristo — cada uma mais magnífica do que a outra, a tal ponto que qualquer forma de comparação em literatura não é senão pó e cinza — são apresentadas com base em casinhos da vida quotidiana.
Um exemplo. Sobre os lírios do campo, narra o Evangelho: “Olhai os lírios do campo, como crescem: não trabalham nem fiam. Contudo digo-vos que nem Salomão em sua maior glória jamais se vestiu como um deles. Se, pois, Deus veste assim uma erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé!” (Mt 6, 28-29).
Na Palestina daqueles tempos não havia fábricas de tecido. Todos se vestiam com tecidos que as mulheres fiavam. Nesta parábola, Nosso Senhor compara os lírios do campo com o esplendor de Salomão, rei famoso por sua sabedoria, conhecido no mundo inteiro. Entretanto, nem Salomão em toda sua glória se vestiu com tanta beleza como os lírios.
O lírio do campo ostenta sua beleza. A glória de Salomão alcançou sua celebridade. Nosso Senhor aproxima esses dois elementos, mas ao aproximá-los Ele os transforma em raios de sol.
Poderíamos analisar os pormenores das numerosas parábolas dos Evangelhos. O que se nota? Estão cobertas pelo pó da banalidade. Entretanto, Nosso Senhor tira maravilhas da banalidade. Ele deita seu dedo nesse pó, mexe e sai poeira de ouro! Evidentemente, isso se deve ao dedo divino, que tocou numa coisa comum e atransformou em ouro.
Com isso, a sabedoria divina nos dá uma lição: se começarmos a prestar atenção na realidade criada, chegaremos a considerações em que o nosso espírito se elevará a um ponto tal que não encontrará palavras para exprimi-las adequadamente.
Isso me sugere uma palavra muito bonita, quase não utilizada hoje em dia: INEFÁVEL. É uma linda palavra, de natureza tal que corresponde a uma idéia, a uma verdade que o espírito humano conhece, mas que não encontra palavras suficientes para exprimir. É indizível.
É belo que o espírito humano conceba algo e encontre uma palavra apropriada para exprimi-lo. Entretanto, é também belo que conceba algo e não encontre palavras adequadas para significá-lo.
São lindos princípios que nos sugerem as parábolas de nosso Divino Salvador!
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 26 de janeiro de 1980. Sem revisão do autor./aascj
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