EU VOS AMO! VÓS SOIS A MINHA VIDA.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Rezar pela salvação da própria alma X Rezar pela salvação das almas

O papel do demônio; a malignidade do mundo

Demônios expulsos de Arezzo – Giotto di Bondone, séc. XIV, Basílica Superior, Assis.
Mas há um personagem que não está ausente do quadro acima, ao qual, entretanto, se tem feito pouca referência — a bem dizer, pessoalmente não ouvi nenhuma. É o papel do demônio, pai da mentira, sendo a maior delas a de que ele não existe. Entretanto, São Paulo nos adverte contra ele no epílogo da epístola aos Efésios: “De resto, Irmãos, fortalecei-vos no Senhor e no poder de sua virtude. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Porque nós temos que lutar não somente contra a carne e o sangue, mas também contra os principados e potestades do inferno, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e ficar de pé depois de ter vencido tudo” (6, 10-13).

Há certos crimes cuja hediondez e malignidade ultrapassam a perversidade normal dos homens. Nestes casos, pode-se ter por certo que entrou a figura do maligno, insuflando o criminoso aos excessos mais descomedidos. A descrição do que se passou na escola do Rio de Janeiro faz pensar neste agente do mal, que só quer a perdição dos homens.

O missivista talvez esteja se perguntando por que dar tanto destaque a um caso concreto, na resposta a uma consulta que se cingia a uma dúvida sobre a oração pela salvação das almas, a própria e a dos outros.

A razão é precisamente que, nos modernos manuais de vida espiritual, é muito comum, ao tratar destas matérias, abstrair de dois pontos fundamentais: a malignidade do mundo e a atuação do demônio.

Assim, ao rezar pela nossa própria salvação eterna, ou a dos outros, não podemos nos imaginar sentados confortavelmente numa poltrona, ou mesmo ajoelhados num genuflexório almofadado, como se estivéssemos cercados apenas de anjos bons, ou diante de uma imagem bondosa da Virgem Maria, sem pernilongos e vespas a nos aferroarem…

A realidade é muito mais complexa: os anjos bons certamente estão ali; o nosso anjo da guarda certamente está ali. Sobretudo um quadro ou imagem de Nossa Senhora está ali, como penhor de que Ela acolhe benignamente as nossas súplicas. Mas estão presentes também fatores adversos, que a doutrina da Igreja nomeia sinteticamente como o demônio, o mundo e a carne.

Em outras palavras, em primeiro lugar carregamos dentro de nós o peso de nossos pecados — como conseqüência do pecado original. Em segundo lugar, sofremos as más influências do mundo moderno, laicista e em revolta declarada contra Deus e sua Santa Igreja. Por fim, o bafo empestado do demônio também está ali, para nos sugerir maus desejos, inocular em nossa mente más intenções e fomentar más resoluções.

Esse é o quadro habitual em que se desenvolvem nossas orações. As súplicas que fazemos por nós mesmos, por nossa família, nossos amigos, pelo mundo inteiro, devem levar em conta os fatores adversos acima descritos: as más inclinações que nossos pecados introduziram em nós, as más influências que o mundo moderno exerce sobre nós, e as sugestões maliciosas que o demônio nos propõe.

Na Ladainha de Todos os Santos rezamos: Ab omni peccato, libera nos, Domine. Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine. A morte perpetua, libera nos, Domine.

Ou seja: De todo pecado, livrai-nos, Senhor. Das ciladas do demônio, livrai-nos, Senhor. Da morte eterna, livrai-nos, Senhor.

Sob esta luz, as orações que fazemos pela salvação de nossa alma e as que oferecemos pela salvação dos homens em geral se superpõem. O missivista pode ficar tranqüilo: não há conflito entre ambas. Pelo contrário, se feitas na perspectiva indicada, uma completa a outra.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor. Das ciladas do demônio, livrai-nos, Senhor. Da morte eterna, livrai-nos, Senhor.
Fonte: Revista Catolicismo/ADF

Sem comentários: