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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Carta do Papa aos seminaristas



O Papa diz que a missão do sacerdote "permanece grande e pura"

O Papa Bento XVI enviou uma carta aos seminaristas do mundo todo nesta segunda-feira, 18, festa litúrgica de São Lucas.

A missão sacerdotal "permanece grande e pura" e não pode ser desacreditada por quem não vive o seu ministério de modo digno, evidencia o Pontífice.
"O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal", afirma, indicando sete áreas que considera importantes para serem trabalhadas ao longo dos anos de formação.

1 - A relação pessoal com Deus, em Jesus Cristo, é o elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e durante toda a vida sacerdotal. O Papa ressalta que o padre não é um administrador, mas "mensageiro de Deus no meio dos homens". Nesse sentido, aponta a necessidade de começar e acabar o dia em oração; ler a Bíblia e ter sempre a Deus diante dos olhos como ponto de referência para a vida;

2 - A participação activa na celebração da Eucaristia deve estar no "centro de todos os dias". Por isso, é importante conhecer, compreender e amar a liturgia;

3 - O Sacramento da Penitência também é importante. "Ensina a olhar-me do ponto de vista de Deus e obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade";

4 - "Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular, excluí-la é completamente errado";

5 - O estudo é a dimensão salutar do tempo de Seminário. "A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. Sem tal dimensão, a fé deixaria de ser ela mesma". E faz um apelo: "Tudo o que vos peço insistentemente é isto: Estudai com empenho! Fazei render os anos do estudo! Não vos arrependereis".

Neste aspecto, é errado fazer-se imediatamente e sempre a pergunta: "Poderá isto servir-me no futuro? Terá utilidade prática, pastoral?". "Não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade, de modo que a mesma se torne resposta às questões dos homens, os quais, do ponto de vista exterior, mudam de geração em geração e todavia, no fundo, permanecem os mesmos".

Aí entra a importância de conhecer as questões essenciais da teologia moral, doutrina social católica, teologia ecuménica, orientações fundamentais sobre as grandes religiões, a filosofia e a compreensão do direito canónico;

6 - Os anos no Seminário devem ser também um tempo de maturação humana. "Faz parte deste contexto também a integração da sexualidade no conjunto da personalidade". Caso contrário, ela torna-se banal e destrutiva. "Recentemente, tivemos de constatar com grande mágoa que sacerdotes desfiguraram o seu ministério, abusando sexualmente de crianças e adolescentes".

Diante deste cenário, o Santo Padre indica que pode ter-se apresentado ao coração dos seminaristas a dúvida de se seria bom fazer-se sacerdotes, se o caminho do celibato seria sensato como vida humana. "Mas o abuso, que há que reprovar profundamente, não pode desacreditar a missão sacerdotal. [...] Entretanto o sucedido deve tornar-nos mais vigilantes e solícitos, levando precisamente a interrogarmo-nos cuidadosamente a nós mesmos diante de Deus ao longo do caminho rumo ao sacerdócio, para compreender se este constitui a sua vontade para mim. É função dos padres confessores e dos vossos superiores acompanhar-vos e ajudar-vos neste percurso de discernimento".

7 - A dimensão da universalidade da Igreja deve estar acima da pertença a determinadas formas de viver a fé. "Hoje, os princípios da vocação sacerdotal são mais variados e distintos do que nos anos passados. [...] Por isso mesmo, o Seminário é importante como comunidade em caminho que está acima das várias formas de espiritualidade. Os movimentos são uma realidade magnífica; sabeis quanto vos aprecio e amo como dom do Espírito Santo à Igreja. Mas devem ser avaliados segundo o modo como todos se abrem à realidade católica comum, à vida da única e comum Igreja de Cristo que permanece uma só em toda a sua variedade".

"O Seminário é o período em que aprendeis um com o outro e um do outro". Aprender generosidade e tolerância, contribuindo com os seus dons peculiares para o conjunto, pois todos servem à mesma Igreja e ao mesmo Senhor, é outro ponto fundamental.

Por fim, o Papa exclama:

"Queridos seminaristas! Com estas linhas, quis mostrar-vos quanto penso em vós precisamente nestes tempos difíceis e quanto estou unido convosco na oração".

Partilha

Logo no início do texto, o Santo Padre partilha que, quando foi chamado ao serviço militar - em Dezembro de 1944 -, o subentendente perguntou qual a profissão com que cada um sonhava para o futuro. "Eu respondi que queria tornar-me sacerdote católico. O subentendente replicou: Nesse caso, convém-lhe procurar outra coisa qualquer; na nova Alemanha, já não há necessidade de padres".

O Pontífice ressalta que, nos dias de hoje, ainda que num contexto diferente, muitos pensam que o sacerdócio católico não seja uma 'profissão' do futuro.

"Os homens terão sempre necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo. [...] Sempre que o homem deixa de ter a noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente. [...] Sim, tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores, hoje, amanhã e sempre enquanto existir".

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