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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

No Purgatório: o “tormento delicioso” ou a “tormentosa delícia” da purificação


Então, a alma que se salva tem, ao mesmo tempo, duas noções.

Primeiro, a noção da posse de Deus, já que ela sabe que vai possuí-lo por toda a eternidade. Ela sente, muito melhor do que nessa terra, a insondável felicidade de possuir a Deus.

Segundo, ao mesmo tempo em que ela se sente atraída para Deus, ela percebe estar fora das condições de se apresentar a Ele.

E então a alma passa por dois movimentos, ao mesmo tempo: um movimento de alegria e outro movimento de pesar. O movimento cheio de alegria leva-a a querer unir-se a Deus. O movimento cheio de pesar vem do contraste entre aquela mancha que ela nota em si e a pureza infinita de Deus.

Daí vem nela, nascido do desejo da união, um desejo de purificação por onde a alma está tão embevecida em Deus que suportaria mil infernos para poder unir-se a Deus. E precipita-se na chama do purgatório com uma verdadeira sofreguidão de purificar-se para, afinal, poder unir-se a Deus. Ali, ela sofre. Mas ela sofre o “tormento delicioso” ou a “tormentosa delícia” de ir sentindo que aquilo que a separa de Deus vai se tornando mais adelgaçado ao longo das purificações. E, ao mesmo tempo, ela vai cada vez mais querendo chegar mais próximo de Deus.

De maneira que ela tem uma fundamental alegria, junto a uma tristeza, que não deixa de ser uma verdadeira tristeza. Mas é uma tristeza que a vai depurando, e que a vai aproximando de Deus.

Santa Catarina de Gênova e suas visões do Purgatório/AASCJ

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