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sexta-feira, 5 de novembro de 2010


O Cardeal-Patriarca de Lisboa defendeu hoje que não é possível compreender a identidade de Portugal, no seu território nacional e nas presenças em muitas partes do mundo, sem ter presente a acção das ordens e congregações religiosas.

Para D. José Policarpo, através das ordens e congregações religiosas, a “Igreja relacionou-se com a sociedade com o que tinha de melhor”.

Intervindo na sessão de abertura do Congresso “Ordens e Congregações Religiosas”, que decorre entre os dias 2 e 5 de Novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o Cardeal-Patriarca afirmou a importância do conhecimento histórico e identitário das ordens e congregações para a compreensão de Portugal, não só da sua História, mas sobretudo do seu futuro.

No quadro de uma identidade cultural e nacional enraizada no catolicismo ou, como recordou D. José Policarpo, numa matriz judaico-cristã, para compreender Portugal é preciso ter sempre presente as relações do Estado com as igrejas, nomeadamente com a Igreja Católica.

“Não é possível compreender a identidade progressiva e evolutiva da missão de Portugal no mundo sem compreender o que foram as suas relações com a Igreja”, afirmou o Patriarca de Lisboa.

Para D. José Policarpo, as ordens e congregações religiosas têm um papel “decisivo” nesse relacionamento histórico e institucional.

“O relacionamento do Estado português com a Igreja teve um capítulo decisivo: a relação com a influência das ordens religiosas”, indicou.

“É impossível compreender a totalidade da gesta de Portugal no mundo sem a acção destes «guarda-avançados» da fé e da identidade portuguesa”, sublinhou ainda.

D. José Policarpo valorizou a investigação em curso sobre as ordens e congregações religiosas em Portugal, em que se insere este Congresso. “Um longo processo de estudo e investigação que traz à ribalta algo de muito significativo para a recuperação cultural da nossa comunidade nacional”.

Dirigindo-se aos congressistas presentes, nomeadamente aos membros de congregações religiosas, referiu que os resultados da investigação científica constituem sobretudo desafios à “autenticidade”.

“Não vejam nestes resultados positivos de uma investigação científica, que por natureza é independente, como uma espécie de triunfalismo. Isto é uma chamada à autenticidade”, indicou.

“Aceitemos o desafio da nova evangelização. Não se trata de ‘estratégia política’, antes um desafio de radicalidade, da fidelidade a Jesus Cristo e ao Evangelho, de utopia da comunhão, da ousadia da caridade”, prosseguiu.

Na sessão de abertura deste Congresso, José Eduardo Franco, coordenador geral do Congresso, valorizou a possibilidade, passados 100 anos da implantação da República, ser possível congregar uma variedade de saberes para apresentar, em liberdade, a identidade e os projectos desenvolvidos pelas ordens congregações religiosas em Portugal.

Luís Machado de Abreu, presidente da Comissão Científica, referiu que este não é um “congresso doutrinário ou apologético”.

Pela investigação científica, o Congresso tem o objectivo de apresentar o contributo determinante das ordens e congregações religiosas para a construção religiosa e social das sociedades onde se foram implementando.

Luís Machado de Abreu sublinhou a “actuação criativa” de muitas ordens e congregações religiosas, que lhes valeu “justo reconhecimento público”.

O mesmo rigor científico apresentará “contaminação por gostos e interesses puramente seculares” a que as ordens e congregações viram os seus carismas serem afectados.
A presidente do Presidente do CLEPUL (Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa das Universidades de Lisboa), Annabela Rita, referiu que este Congresso encerra um ciclo de investigações (que produziu publicações, exposições, mostras culturais e gastronómicas) sobre as Ordens e Congregações Religiosas, mas “não encerra o ciclo de trabalho”, que se pode agora estender a outros países lusófonos.

Perceber o papel das Ordens Religiosas, no nosso país e no mundo, nas suas mais diversas perspectivas, ângulos ou metamorfoses, é o principal objectivo do Congresso Internacional das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal: “Memória, Presença e Diásporas”.

O evento conta com cerca de 200 conferencistas, vindos dos mais diversos países do mundo, e ainda com a participação de mais de 500 pessoas.
fonte: canção nova

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