sábado, 6 de novembro de 2010
Os anjos maus
O poder de Satanás não é infinito
A Igreja ensina que os anjos foram criados bons (Deus não pode criar nada intrinsecamente mau).
"Com efeito, o Diabo e outros demónios foram por Deus criados bons em sua natureza, mas tornaram-se maus pela sua própria iniciativa" (IV Concílio de Latrão, em 1215; DS 800).
E São Pedro fala do pecado destes anjos: "Pois, se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento (...)"(2 Pe2, 4).
O pecado dos anjos não pode ser perdoado. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina que: "É o carácter irrevogável da sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado" (§ 393).
São João Damasceno (650-749), doutor da Igreja, afirma: "Não há arrependimento para eles depois da queda, como não há arrependimento para os homens após a morte" (Patrologia Grega, 94, 877C).
Os últimos Papas têm chamado a atenção dos católicos para a importância de estarem conscientes da existência, natureza e acção dos demónios. É lamentável que algum teólogo ainda afirme que o demónio não existe ou não age. Na verdade, esta atitude é tudo o que o maligno quer. Dois erros devem ser evitados: negar a existência dos demónios ou pensar que todo o mal é obra deles.
O Papa Paulo VI disse na Alocução "Livrai-nos do Mal":
"Quais são hoje as maiores necessidades da Igreja? Não deixem que a minha resposta os surpreenda como sendo simplista e, ao mesmo tempo, supersticiosa e fora da realidade. Uma das maiores necessidades da Igreja é a defesa contra este mal chamado Satanás. O diabo é uma força actuante, um ser espiritual vivo, perverso e pervertedor; uma realidade misteriosa e amedrontadora." (L'Osservatore Romano, 24/11/1972).
O Catecismo lembra que devido à acção do demónio, a vida espiritual tornou-se um duro combate:
"Pelo pecado original o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este continue livre. O pecado original causa a ‘servidão debaixo do poder daquele que tinha o império da morte, isto é, do Diabo'" (Concílio de Trento, DS1511; Hb 2, 4) (§407). "Esta situação dramática do mundo, que é 'o mundo inteiro está sob o poder do Maligno' (cf. 1Jo 5,19; 1 Pe 5, 8), faz da vida do homem um combate".
“Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade. Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até ao último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus" (GS 37, §2) (§ 409).
Mas Deus não nos abandonou ao poder da morte e de Satanás; ao contrário, chamou o homem (cf. Gen 3,9) e lhe anunciou de modo misterioso a vitória sobre o mal. "Então o Senhor disse à serpente: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gen 3, 15).
Jesus veio para tirar a humanidade das garras do demónio; e este teme o nome do Senhor. “Aquele que peca é do demónio, porque o demónio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demónio” (1Jo 3, 8).
"A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta totalmente o poder supremo do nome acima de todo nome. Os espíritos maus temem seu nome" (Act 16, 16-18; 19,13-16) / (Catecismo §434).
O Catecismo ensina que pela Sua Paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado. (§1708). Não há que temer.
Cristo hoje vence o poder dos anjos maus sobre os homens, especialmente por meio dos Sacramentos, a começar do Baptismo. O Catecismo ensina: "Visto que o Baptismo significa a libertação do pecado e do seu instigador, o Diabo pronuncia um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a Satanás” (§1237).
Quando o Catecismo ensina sobre o conteúdo da oração do Pai-nosso com relação ao último pedido que fazemos a Deus: "(...) mas, livrai-nos do Mal", afirma: "Neste pedido da oração do Pai-Nosso, o Mal não é uma abstracção (uma ideia, uma força, uma atitude), mas designa uma pessoa: Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O Diabo (diabolos) é aquele que "se atravessa no meio" do plano de Deus e da sua "obra de salvação" realizada em Cristo" (§2851).
"Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira" (Jo 8, 44), "Satanás, sedutor de toda a terra habitada" (Ap 12, 9), pois foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é pela derrota dele definitiva que a criação inteira será "liberta da corrupção do pecado e da morte" (Oração Eucarística, IV). "Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o gerado por Deus preserva-se e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno" (1 Jo 5,18-19) e (CIC §2852).
"Ao pedir que nos livre do Maligno, pedimos igualmente que nos liberte de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador" (CIC §2854).
O livro da Sabedoria mostra toda a maldade do diabo: "Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez imagem da sua própria natureza. É por inveja do demónio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demónio prová-la-ão" (Sb 2, 23-24).
Jesus referiu-se ao maligno como homicida e mentiroso: "Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,44).
É importante este ensinamento do Catecismo sobre o poder do demónio:
"Contudo, o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo facto de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás actue no mundo por ódio contra Deus e o seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua acção cause graves danos – de natureza espiritual e, indirectamente, até de natureza física – para cada homem e para a sociedade, esta acção é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da actividade diabólica é um grande mistério, mas ‘nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam’” (Rom 8, 28) e (CIC § 395).
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