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sábado, 11 de dezembro de 2010

A FRATERNIDADE SÃO PAULO


Ninguém mais do que Deus é criativo. Em cada tempo ele inventa novos meios para fazer chegar aos homens o seu amor. Para isso suscita de entre eles os seus
mensageiros e instrumentos. Àqueles que escolhe e chama vai-os iluminado e preparando para a missão. É assim que vão surgindo no mundo e na Igreja novos carismas e formas originais de os incarnar. Deus sabe muito bem conciliar tradição e inovação para oferecer aos homens os seus dons e os conduzir nos caminhos do bem e da verdade.

Henri Quinson era um jovem franco-americano bem lançado na vida profissional.
Vivia em Paris e estava entusiasmado com a carreira de bancário de negócios e professor universitário. Um acontecimento espiritual inesperado determinou
um novo rumo para sua vida. Descreve-o assim: “Num domingo de Janeiro (de 1989), eu tive como que uma iluminação interior, uma emoção espiritual muito
forte. Pensei que fosse uma espécie de ‘cinema interior’, mas, desde Antão, rezo regularmente, levado por uma força misteriosa. Até agora nunca me tinha
colocado a questão, mas pergunto-me se não estou a ser chamado a uma forma de vida religiosa… padre ou monje… ou qualquer coisa do género”.

A partir desta experiência inicia o caminho de procura e discernimento. Pede ajuda a sacerdotes, contacta com várias comunidades, faz leituras e continua
a oração com os salmos até que decide deixar o seu trabalho e entrar num mosteiro da ordem cisterciense. Perante tal decisão, o director do banco, que
tentara aliciá-lo com propostas irrecusáveis, comenta: “É a única concorrência que eu aceito”. Fez o percurso formativo e de discernimento e tornou-se monge
trapista. Sentia-se bem no mosteiro, mas havia dificuldades que o deixavam inquieto. Procurou discernir o significado destes e doutros sinais e começou a
perceber que talvez fosse chamado a fundar algo de novo.
Com a ajuda do abade, compreende que deve partir para seguir o seu próprio caminho. Os sinais das tensões internacionais e em França com o mundo
muçulmano e o martírio dos monges cristãos na Argélia levam-no a desejar tornar-se “sinal de amizade e de serviço junto dos irmãos menosprezados”, os
estrangeiros e especialmente os imigrantes muçulmanos. Depois de muita busca, fixa-se na cidade de Marselha, num bairro social chamado S. Paulo. Começa
sozinho, mas algum tempo depois junta-se a ele um companheiro. Mais tarde, outro e outro. Nasce assim, em 1997, uma nova comunidade, com o apoio do
bispo diocesano.

Chama-se “Fraternidade S. Paulo”, nome do bairro e do “Apóstolo das nações” que “permaneceu dois anos no alojamento que alugara em Roma, onde recebia
todos os que iam procurá-lo, anunciando o Reino de Deus” (Act 28, 30-32).
Assenta em sete pilares: o celibato evangélico, a leitura orante da palavra de Deus e o louvor, três vezes por dia, o alojamento num bairro social em casa de
renda, o trabalho em part-time para a própria subsistência e para ter tempo para a oração e o serviço aos vizinhos, a hospitalidade, escutando, consolando,
encorajando e acompanhando quem lhes bate à porta, a ajuda a quem tem dificuldades escolares, familiares, de emprego ou busca “a mão protectora de
relações de vizinhança e de amizade, acolhem-nos na própria casa, prestam-lhes serviços, nomeadamente no apoio escolar às crianças e aos jovens, sofrem
com eles e por causa deles, procuram educar para o respeito pelos outros, vivem a esperança e perdoam, e partilham momentos de oração. Um dos seus
objectivos é “ser um posto de Igreja”, presença evangélica no meio da vizinhança.
Em relação aos muçulmanos, procuram dar-lhes o exemplo. É convicção destes monges de que pela amizade e o diálogo, os corações abrem-se ao encontro com Aquele que os envia”.
Quem desejar conhecer melhor a história e o testemunho desta Fraternidade pode ler o livro de Henri Quinson, “Do champanhe aos salmos”, editado pelas
Paulinas, ou consultar o sítio: http://pagesperso-orange.fr/frat.st.paul/ .
P. Jorge Guarda/Canção Nova Portugal

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