domingo, 12 de dezembro de 2010
MADRE MARIA CLARA DO MENINO JESUS
Libânia do Carmo Galvão, que na sua profissão religiosa receberia o nome de
Maria Clara do Menino Jesus, nasceu na Amadora (Lisboa), em 1843. Aos 14
anos ficou órfã de pai e mãe. Foi então viver para um asilo de órfãos de famílias
nobres. Mais tarde, foi recebida por uma família nobre, com a qual esteve 5
anos. Posteriormente, iria residir para um pensionato e, em seguida, para
o “Recolhimento das Capuchinhas de Nossa Senhora da Conceição”, onde tomou
o hábito religioso, aos 26 anos.
Sob a orientação de frei Raimundo dos Anjos Beirão foi para França (Calais)
receber formação numa congregação religiosa franciscana. De regresso, numa
época em que havia ainda em Portugal animosidade para com as congregações
religiosas e as “irmãs de caridade”, com a ajuda daquele religioso, em 1874,
fundou uma “associação de beneficência” com o nome de “Irmãs Hospitaleiras
dos Pobres pelo Amor de Deus”, aprovada pelo Papa Pio IX, em 1876. Além
e socorrer os pobres, as “hospitaleiras” tratavam dos enfermos e ensinavam
crianças e pensionistas. Mais tarde a mesma congregação tomaria o nome de
Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, como é hoje conhecida.
Deus é o motivo principal da vida da irmã Maria Clara. Tornou-se “hospitaleira
por amor de Deus”. O amor por Deus levou-a a consagrar-se, a entregar-lhe toda
a sua vida e a viver unicamente para Ele, “não tendo mais que um coração e uma
alma só para Deus”, como escreve às suas irmãs. E exorta: “Oh, amemos a Deus
e só a Deus!”. Reconhece que Ele é bom, esteve sempre presente e muito ajudou
a sua obra: “Oh! Sim, é necessário sermos generosas para com Deus que tão
generoso tem sido para connosco”, escreveu ela. É o amor de Deus e a Deus que a
move em toda a sua vida, no bem que pratica e em todos os seus trabalhos. D’Ele
recebeu a força e a coragem com que enfrentou as turbulências porque passou
em várias circunstâncias.
Por causa de Deus, ama também as suas irmãs, todas aquelas que a imitaram
e seguiram e entraram na sua congregação. Ela mesma declara que as ama “de
todo o coração”. Sofre por elas e cuida que vivam na perfeição as regras da
congregação, defende-as e procura assegurar-lhes as condições de saúde e apoio
espiritual para viverem fiel e dedicadamente a sua vocação e missão.
Os doentes, os pobres, as crianças e todos os necessitados são os principais
destinatários da sua vida e da obra que fundou. A eles quer amar, acolher no
coração, envolver de calor humano e de ternura, ajudar e servir. Afirma que ela
e as suas irmãs foram “chamadas à sublime vocação de cooperar na salvação das
almas, praticando as obras de misericórdia”. E clarifica. “o nosso mais ardente
desejo é podermos ajudar e acudir, do modo que podemos, ao nosso próximo
desvalido e que sofre”. Para servir os necessitados, enviou irmãs a várias cidades
e vilas de Portugal, Angola, Guiné, Índia, Cabo Verde… As irmãs colaboravam nas
Santas Casas da Misericórdias e muitas outras instituições públicas e privadas.
Na altura da morte da irmã Maria Clara, as suas 508 religiosas trabalhavam em
44 hospitais, 41 colégios e escolas, 17 asilos de infância, 18 asilos de inválidos,
9 hospícios, 6 cozinhas económicas, 4 creches, 2 pensionatos, 5 conventos e
2 noviciados, num total de 140 obras. Ela definiu os pobres, os mendigos, os
a quem encontrava a chorar e fazer reavivar a esperança e o conforto a quem
via em desolação. Uma testemunha declara que a irmã Maria Clara “possuía
um coração todo ternura e bondade, todo compaixão para se compadecer das
fraquezas e misérias do próximo e todo caridade para as socorrer”. A sua vida
e a sua obra admiráveis, com sinais de santidade, levam a Igreja a considerar a
Irmã Maria Clara venerável, batificada pelo Papa Bento XVI em 2010.
P. Jorge Guarda/Canção Nova
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